Na minha lista de destinos preferidos, um Resort à beira-mar não ocupa uma posição muito alta. Convencida pela Rafaela, minha irmã, embarcamos com a família toda para uma semana em Porto de Galinhas. Os dois casais, com os filhos, mais nossos pais. Programa bem família: comer, beber e praia.

As piscinas do hotel, ao lado da praia, se tornaram meu refúgio. As crianças se esbaldavam na areia, sob olhar dos homens, enquanto eu, minha irmã e minha mãe curtíamos o sol, os drinques e os petiscos. As corridas matinais ajudavam, mas pelo menos três quilos eu levaria daquela semana.

No terceiro dia, no meio da manhã, minha irmã e minha mãe se juntaram às crianças e aos homens na areia. Eu preferi ficar na piscina e ler um pouco. Entretida na leitura, não vi ele chegar e só percebi quando falou:

-Oi, posso saber seu nome?

Olhei e ele estava sentado na mesa ao lado da minha. Eu estava em uma espreguiçadeira, sentada, e ele em uma cadeira, que puxou para ficar mais próximo.

-Silvia. Respondi sem dar muita atenção. Ele insistiu:

-Um nome bonito, combina com a dona. Me chamo Bernardo.

Disse isso estendendo a mão para me cumprimentar. Cumprimentei e retomei a leitura. Ele não desistiu:

-O livro deve estar muito interessante, né?!

Fechei o livro, tirei os óculos escuros e avaliei o Bernardo. Alto, um pouquinho acima do peso, barriguinha de cerveja, rosto bonito, óculos escuros, corpo vermelho como um pimentão, mostrando que não tinha o hábito de frequentar a praia, e uma baita aliança na mão esquerda. Não perdoei:

-Onde está sua esposa, Bernardo?

-Ela está cuidando das crianças. Estou aproveitando meu momento de folga.

-Ela sabe que você aborda outras mulheres no seu momento de folga, Bernardo?

-Eu e ela não estamos muito bem. Ainda não me separei por causa das crianças.

Mais clichê, impossível, pensei. Fiquei puta da vida, juntei minhas coisas e quando me preparava para ir embora ele voltou à carga:

-Silvia, vi que você também é casada e seu marido lhe deixou sozinha. Isso não se faz. Se quiser dar o troco nele, eu posso ajudar.

A vontade era de atirar nele. Me controlei, lembrando de uma frase que meu avô sempre dizia:

-Minha filha, para filho da puta, filho da puta e meio.

-Bernardo, obrigado pela oferta, mas tenho que ir.

Deixei a área da piscina e fui em direção da praia. Me juntei ao grupo e pouco depois me sentei para pegar mais um pouco de sol. Minha irmã sentou ao meu lado e me contou, revoltada, da abordagem muito parecida que recebera há pouco de Fernando, outro homem casado, que estava com a família a poucos metros de nós.

Enquanto eu ouvia ela contar, uma ideia começou a me ocorrer. Quando ela terminou, eu disse:

-Rafa, tenho uma ideia para colocar esse mala no lugar dele. Topa?

-Silvia, suas ideias quase sempre terminam em confusão. Tô fora!

-Rafa, me escuta. Depois você me diz se topa ou não.

Contei a ela a abordagem que recebi do Bernardo e detalhei o meu plano. Ela riu muito e embalada pela caipirinha, topou.

Depois de tudo combinado, hora de colocar em prática. Voltei até a área da piscina e o Bernardo ainda estava lá, bebendo e provavelmente cantando todas as mulheres que passavam por ali.

Fui em sua direção, sentei ao lado dele e perguntei:

-Sua oferta ainda está de pé?

-Claro! Só se for agora! Quer ir para o meu quarto? Minha esposa só vai lá depois do almoço.

-Agora não posso. Prefiro à noite.

-Poxa, Silvia, de noite fica complicado. As crianças…

O interrompi:

-Tem um banheiro para deficientes ao lado dos vestiários da piscina. Depois das oito da noite, eles desligam as luzes daquela área. Eu vou esperar você dentro do banheiro.

Ele olhou para mim, olhou para o vestiário, localizou o banheiro e insistiu:

-Porque não pode ser agora?

-Bernardo, é do meu jeito ou nada feito. Fiz menção de me levantar e ele aquiesceu:

-Tudo bem, eu topo.

-Ótimo. Agora preste atenção que eu tenho algumas exigências.

Ele fez cara feia, eu fiz menção de levantar de novo, ele capitulou:

-Pode pedir. O que você quer?

-Duas coisas. Uma é simples: você precisa ser rigorosamente pontual. Se atrasar ou se adiantar, eu lhe deixo sozinho. Você vai entrar no banheiro pontualmente às oito e quinze. Consegue.

-Consigo. Oito e quinze. Qual a segunda coisa?

-Eu quero que você use uma venda nos olhos e já entre pelado no banheiro, com camisinha.

-Venda?! Onde vou arrumar isso?

-Bernardo, a trepada que eu estou planejando pra gente, você nunca teve igual. Arrume a porra da venda, entre pelado, de camisinha às oito e quinze e deixe o resto comigo.

-Tá bem, combinado.

-Outra coisa: não fale mais comigo. Minha família fica muito em cima.

Disse isso e fui embora, rebolando, sem a canga, exibindo minha bunda. Não precisava, mas achei importante dar esse showzinho para ele. Só para garantir sua motivação.

Oito e quinze em ponto, Bernardo, chega ao banheiro. Luzes apagadas, ele olha para um lado, olha para o outro, tira a sunga e o cacete duro salta pra fora, já com a camisinha. Ele pega o lenço que estava nas mãos e amarra nos olhos. Tateia, encontra a maçaneta da porta, abre e entra sorrateiramente no banheiro, fechando e trancando a porta atrás de si.

Lá dentro, ouvindo o barulho da porta sendo fechada, Fernando, devidamente convencido pela Rafa, esperava da mesma maneira: pelado, pinto encapado e olhos vendados.

Sentadas do outro lado da piscina, eu e minha irmã esperávamos o desenrolar da cena. Em pouco mais de um minuto, muita gritaria, barulhos de coisas sendo quebradas e eles abrem a porta e saem como estavam, mas sem as vendas.

O que não contavam era com os hóspedes que chegavam, atraídos pelos barulhos. Entre esses, as respectivas esposas.

Eu e Rafa brindamos e fomos jantar.

3 respostas

  1. Fui lendo e imaginando a cena em cada etapa rsrsrs. Fico só imaginando o depois com suas respectivas esposas rsrsrsrsrsrs

  2. Quando eu falo que quando se está com família é sagrado. Por isso afirmo os”garanhões” comigo não tem vez, Nesse caso são dois idiotas amadores que se deram muito mal. Hahaha. Adorei!

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